Apae
25/06/2015
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Uma data especial para um aluno especial
Pierre Moritz, primeiro aluno da Apae Brusque, comemora seus 70 anos
A tarde desta terça-feira, 16 de junho, foi especial para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Brusque. Seu primeiro aluno, Pierre Moritz, filho de Ruth e do dr. Carlos Moritz, comemorou 70 anos de vida e soprou suas velinhas com muita saúde e disposição. Estava com um curativo na testa e com um dedo imobilizado, por conta de uma queda no dia anterior, mas nem isso foi suficiente para lhe furtar o ânimo de passar mais uma tarde agradável ao lado de seus amigos, professores, voluntários e membros da diretoria da entidade. Na oportunidade ele recebeu uma placa como presente, das mãos do presidente da Apae, Sebastião Poia. Também assistiu a uma sessão de fotos, com retratos de sua infância, juventude e a fase adulta. Por fim, ouviu o canto do Parabéns para você ecoar pelos corredores da instituição, que foi fundada há quase 60 anos por sua causa.
Pelo fato de ser uma criança especial, ele não podia frequentar a escola regular. Mas a minha mãe sentia que ele precisava ter alguma atividade. Então ela começou a dar aulas em casa e pediu para que outras crianças viessem brincar com o Pierre. Também esteve no Rio de Janeiro, onde conheceu a primeira escola especial do Brasil e, aqui em Brusque, ao lado do meu pai, fundou a Apae, explica a irmã de Pierre, Tereza Moritz Montibeller.
Tereza ressalta que, desde os primeiros anos de atividades, a Apae sempre contou com o envolvimento comunitário e que se sustenta pelo trabalho sério e de qualidade que desenvolve, com atendimentos desde os primeiros dias de vida, através da Clínica UniDuniTê até ações destinadas à terceira idade, no Centro de Convivência Ruth de Sá. O Pierre, por exemplo, vem todas as manhãs para cá. Junto com os amigos faz as suas refeições, tem o momento do descanso, cuida da horta, participa de passeios, vai até o mercado. Talvez se estivesse em casa, passaria seus dias sentado ou deitado, na frente da televisão. Mas aqui na Apae ele produz e é feliz. É aqui que ele merece comemorar seus 70 anos, salienta.
Novos desafios
O presidente da Apae, Sebastião Ernani Poia, fez questão de comemorar o aniversário de Pierre, que representa a primeira Apae fundada em Santa Catarina e a segunda Apae fundada no Brasil. Vivencio essas múltiplas alegrias, de festejar o aniversário de 70 anos do Pierre e o prazer de ainda o ter como aluno da Apae. No ano passado ele foi homenageado em Tubarão e eu faço votos para que continue conosco por muitos e muitos anos, diz Poia.
De acordo com o presidente, 2015 é o ano de preparar o coração para fortes emoções. Além do aniversário do Pierre, em setembro a Apae comemora 60 anos de fundação, com fôlego para ir muito além em prol das pessoas e das famílias especiais. Queremos fazer o piso para a instalação do Centro de Convivência, que hoje ocupa o espaço do nosso ginásio e faz com que os alunos ainda não tenham um lugar apropriado para a prática de esportes e lazer. Estamos correndo atrás de recursos e desenvolvendo projetos. Além disso, já programamos a nossa tradicional festa para os dias 11 e 12 de setembro, destaca.
O vice-presidente da Apae, Márcio Belli, também estava presente e fez questão de cumprimentar Pierre, seu amigo de infância. Quando veio a professora do Rio de Janeiro, ela precisava de crianças para estimular os alunos especiais e a dona Ruth fez esse pedido para a minha mãe. Eu era um garoto sapeca e me tornei um estimulador. Lembro-me de sentar com o Pierre no assoalho, de mergulhar minha mão no pote de tinta e de colorir uma cartolina. Depois ele repetia o movimento. Hoje sinto que ele me reconhece. Não sei se tem as mesmas lembranças pela limitação em se expressar, mas também não há necessidade. Um olhar ou um sorriso, às vezes são mais importantes do que um discurso bem dado e eu me sinto feliz por estar entre eles. Por isso costumo convidar quem está com problemas em casa ou dificuldades no trabalho para vir até aqui, fazer uma visita para a Apae. Não precisa nem conversar com ninguém. Basta apenas andar um pouco por aqui e tirar suas próprias conclusões, pontua Belli, que neste momento sonha com uma casa para acolher idosos especiais.